O retorno às aulas representa uma excelente oportunidade para reavaliarmos e refletirmos sobre a alimentação das crianças, considerando-a um componente vital para o seu bem-estar físico e mental. Durante esse período, os hábitos alimentares das crianças desempenham um papel crucial no seu desenvolvimento cognitivo, energético e no fortalecimento do sistema imunológico.
Para a nutricionista e consultora do programa de Alimentação Saudável e Sustentável do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Giorgia Russo, é essencial que as escolas sejam ambientes alimentares adequados e saudáveis, uma vez que crianças e adolescentes passam ali a maior parte do dia e é justamente onde começam a construir seus hábitos alimentares para o futuro.
Confira, a seguir, algumas dicas, pensando tanto nas famílias como nos professores e nas escolas, para que a alimentação saudável seja um assunto mais debatido e valorizado em 2024.
1. Conheça a alimentação oferecida
É importante saber quais lanches e refeições são oferecidos na escola, como é elaborado o cardápio da semana, quais ingredientes são utilizados, questionar se há um nutricionista responsável e, até mesmo, solicitar uma reunião de familiares com o profissional.
2. Escolha opções saudáveis para a lancheira
Famílias que preparam lanche para o recreio devem escolher opções saudáveis, alimentos in natura ou minimamente processados, evitando bebidas e alimentos ultraprocessados. O ideal é contar com a participação da criança na escolha e no preparo. Algumas sugestões:
Frutas como protagonistas da lancheira: frutas da época são mais baratas e podem ser cortadas e colocadas em potinhos;
Pão de queijo caseiro;
Pão caseiro recheado com queijo ou geleia sem açúcar;
Sanduíche natural sem molhos;
Fatia de bolo caseiro;
Iogurtes naturais.
3. Incentive a cantina a oferecer mais opções saudáveis
O Decreto Presidencial n.º 11.821 recomenda que estados e municípios criem regulamentações para restringir a comercialização e a doação de produtos alimentícios ultraprocessados no ambiente escolar das redes públicas e privadas de educação básica.
4. Proponha a criação de uma Comissão de Alimentação na escola
Se as famílias percebem que o tema da alimentação poderia ser mais debatido na escola ou que algumas transformações no ambiente alimentar são necessárias, podem propor a formação de uma Comissão de Alimentação, incluindo professores, diretores, estudantes, pais, cantineiros etc., para construir soluções viáveis em conjunto com a comunidade.
5. Eduque para o comer
Uma escola que oferece alimentação saudável e que educa para a construção de hábitos saudáveis para o futuro é grande aliada da saúde das crianças e adolescentes. É importante que a escola promova bons hábitos alimentares e tenha conteúdos sobre educação alimentar e nutricional de forma transversal em seu currículo para todas as faixas etárias, além de ter a comunidade envolvida nessas ações.
6. Fale da alimentação oferecida na unidade escolar
É importante que os alunos, os cuidadores e responsáveis saibam o que é oferecido na escola, em termos de alimentação: se a comida é preparada localmente ou vem de uma cozinha central, de onde vêm os ingredientes e quem os seleciona, quem elabora o cardápio, quem cuida da cantina e quais produtos são oferecidos aos estudantes.
Vale assistir aos minidocumentários da campanha Comer Bem na Escola, do Idec, para se inspirar com ações realizadas em todo o Brasil.
7. Crie uma horta para estimular os alunos a cuidarem dos alimentos
Uma horta é um experimento ideal para os alunos colocarem as mãos na terra, lidarem com sementes e aprenderem sobre o plantio de alimentos. “Muitas sementes brotam com facilidade e rapidez nessa época do ano. As plantas alimentícias não convencionais (PANCs) são muito adaptadas ao nosso clima e não exigem tanto manejo, além de darem uma lição de educação ambiental”, orienta Giorgia Russo.
8. Aulas de cozinha e receitas fáceis e saudáveis
Ensinar crianças e adolescentes sobre o preparo das refeições pode ser interessante. “Cozinhar é um importante caminho para a adoção de hábitos alimentares saudáveis, porque estimula o consumo de alimentos in natura ou minimamente processados e ainda nos conecta com os alimentos, gerando autonomia. Desenvolver habilidades culinárias é uma recomendação do Guia Alimentar para a População Brasileira para promover saúde e a escola é um ótimo local para isso”, comenta a nutricionista do Idec.
9. Conteúdos interdisciplinares sobre comida e alimentação
A educação alimentar e nutricional é um tema transversal da Base Nacional Comum Curricular da educação básica. Uma escola que promove ações de educação alimentar e nutricional de forma estruturada em todas as etapas de aprendizagem vai contribuir para a formação dos estudantes sobre alimentação adequada e saudável, levando a bons hábitos alimentares.
10. Aulas sobre alimentação saudável e sobre a rotulagem de alimentos
Outra sugestão é falar sobre opções saudáveis e ingredientes que, em excesso, provocam prejuízos para a saúde. Importante também orientar os alunos sobre como ler os rótulos de alimentos e bebidas embalados, especialmente com o aviso da lupa, explicando a diferença dos ingredientes que utilizamos em casa e nos restaurantes daqueles que a indústria utiliza nos preparos, conhecidos como aditivos alimentares.
Por Diego Molina
Fonte: Jovem Pan Read More