Ter um vasto repertório cultural é fundamental para construir argumentos sólidos na redação e interpretar de maneira precisa as questões durante a prova. Tradicionalmente, os livros têm sido considerados as principais fontes de referência, mas isso está mudando.
Recentemente, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) incluiu pela primeira vez um álbum de música na lista de obras obrigatórias para o vestibular. O disco selecionado foi “Tropicália ou Panis et Circensis”, lançado em 1968, que reúne 12 faixas interpretadas e compostas por vários artistas, como Caetano Veloso e Gilberto Gil.
Para Guilherme Suman, professor de literatura do Aprova Total, plataforma online de ensino para preparação de vestibulares, essa mudança reforça que o literário e o artístico não residem apenas nos suportes tradicionais, como o livro ou a arte plástica. Para o professor, tudo está somado. Amplia o vocabulário, a compreensão do mundo, o repertório cultural, o crítico e o sensível. Só há ganhos para o aluno.
“Isso tudo não diminui ou substitui o literário, mas complementa. O livro segue com sua importância. O roteiro de um filme é, como literatura, um encontro de dois gêneros canônicos: o narrativo e o dramático. Já o álbum exige uma compreensão de estilo, das mais clássicas às contemporâneas”, explica.
Compreendendo cada obra
Com a ascensão dos streamings e plataformas digitais, o estudante está ainda conectado ao universo audiovisual e musical. O desafio é treinar o olhar e os ouvidos para compreender a obra e o seu contexto. Confira, a seguir, as dicas do professor Guilherme Suman para aperfeiçoar as análises no vestibular!
1. Saiba diferenciar livro, música e filme
Ainda que todos possam abordar o mesmo assunto, é preciso entender as diferenças. O estudante deve compreender as autonomias que cada gênero possui. Por exemplo: se o filme adapta um livro literário, utilizando a linguagem do audiovisual, pode ser necessário fazer algumas mudanças que sejam essenciais, porque não funciona como na linguagem literária.
“O leitor que está habituado a estudar poemas, romances e peças teatrais para as provas terá já meio caminho para compreensão igual a de álbum e filmes”, destaca Guilherme Suman.
2. Identifique o tema por trás da obra
Saber o que conta e como conta são pontos importantes, segundo Guilherme Suman. Para ele, se o filme é um drama histórico sobre o período da Ditadura Militar, como o recente filme cobrado pela UFSC (O ano em que meus pais saíram de férias), o olhar deve ser para o contexto histórico e como isso deve ser tratado. De modo geral, já simplifica como o vestibulando deve enxergar a obra.
Já sobre os álbuns musicais, é preciso avaliar por uma perspectiva ampla, histórica e estética. “O que eleva o álbum e o que ele significa em termos gerais? Isso irá moldar o que pode ser tratado acerca da obra”, ressalta.
O professor enfatiza a importância para olhar a estética proposta pelo cineasta ou pelo compositor. “Pergunte-se o que de suas obras respectivas está aplicado naquela específica para a prova. Então, perceba qual é o papel dessas obras na construção de um senso – seja artístico, seja político, seja social”, explica.
3. Desenvolva habilidade de interpretação antes da prova
Consumir livros, filmes e músicas que já caíram em vestibulares anteriores no dia a dia é uma forma eficaz de se adaptar a estrutura de abordagem de cada um deles e não ter surpresas no dia da prova. “A habilidade de interpretação vai se tornando natural e corriqueira. Ainda que aquele conteúdo escutado e assistido não apareça diretamente, o repertório do aluno está afiado para associar o conteúdo estudado com as exigências na banca examinadora”, aponta Guilherme Suman.
Sugestões para os estudos
Abaixo, Guilherme Susan lista 5 obras para complementar seu cronograma de estudos. Confira!
Músicas
Sobrevivendo no Inferno (Racionais MC’s)
Construção (Chico Buarque)
Elis e Tom (Elis Regina e Tom Jobim)
Cabeça de Dinossauro (Titãs)
Canções escolhidas de Cartola
Filmes
Cidade de Deus (2002)
Que horas ela volta? (2015)
Capitães da areia (2011)
Carandiru (2003)
Central do Brasil (1998)
Por Maria Rita
Fonte: Jovem Pan Read More