A alergia alimentar é uma resposta do sistema imunológico quando o corpo identifica proteínas de algum alimento ou bebida como nociva para o organismo e, assim, ativa uma resposta imunológica exagerada, que pode variar de leve a grave e envolver múltiplos sistemas do corpo.
“A alergia alimentar pode ser uma condição desafiadora. É importante que indivíduos com alergia alimentar, bem como familiares e cuidadores, estejam bem-informados e preparados para lidar com possíveis reações alérgicas”, alerta a nutróloga Dra. Marcella Garcez, mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia.
Sintomas da alergia alimentar
Os sintomas da alergia alimentar podem variar de uma pessoa para outra, conforme o alimento ingerido e gravidade da reação alérgica. “Eles geralmente aparecem dentro de minutos a algumas horas após a ingestão do alimento alérgeno”, explica a Dra. Marcella Garcez.
Segundo a médica, os sintomas mais comuns são:
Pele: urticárias (manchas vermelhas), prurido (coceira) em qualquer parte do corpo, eczema (erupção cutânea ou pele seca) e angioedema (inchaço das camadas mais profundas da pele).
Gastrointestinais: dor abdominal, náuseas e vômitos, diarreia e prurido oral (coceira na boca).
Respiratórios: congestão nasal, rinorreia (corrimento excessivo de muco nasal), espirros, tosse, chiado no peito, dificuldade para respirar e edema da glote (inchaço na garganta que pode dificultar a respiração).
Cardiovasculares: tontura, desmaio, queda da pressão arterial e palpitações.
Na alergia alimentar também há o risco de anafilaxia, isto é, uma reação alérgica grave que pode levar à morte se não for controlada rapidamente. Os sintomas são:
Inchaço da garganta e dificuldade para respirar;
Queda acentuada da pressão arterial;
Perda de consciência;
Pulso rápido e fraco;
Erupções cutâneas generalizadas e coceira;
Confusão e ansiedade.
Alergia ou intolerância alimentar
Embora apresentem alguns sintomas semelhantes e até os mesmos alimentos causem as reações, a alergia e a intolerância alimentar são condições diferentes. Na primeira, o corpo entende o alimento como um agente agressor e, por isso, o sistema imunológico reage de maneira exagerada. A segunda acontece devido à má digestão de alguns alimentos, causada pela deficiência ou ausência de enzimas que transformam moléculas maiores em menores, e não oferece risco de morte.
Alimentos que mais causam alergia
Qualquer alimento pode desencadear uma reação alérgica. “As alergias alimentares são causadas por proteínas presentes nos alimentos, que o sistema imunológico identifica como nocivas”, reforça a Dra. Marcella Garcez. Todavia, há aqueles mais comuns que, segundo a médica, são referidos como os “oito grandes” alérgenos.
A seguir, ela lista quais são eles:
Leite: a alergia ao leite é comum, especialmente entre crianças pequenas, sendo geralmente causada pela proteína do leite de vaca
Ovos: a proteína presente na clara do ovo é a mais provável de causar alergias, embora as gemas também possam ser responsáveis.
Amendoim: uma das alergias alimentares mais graves e potencialmente fatais.
Oleaginosas: alimentos como castanha-de-caju, nozes, amêndoas e avelãs geram reações semelhantes ao amendoim e podem ser severas.
Peixes: espécies como salmão, atum e bacalhau podem causar reações que podem persistir na vida adulta.
Frutos do mar: reações a mariscos e crustáceos, como camarões, caranguejos e lagostas, também podem ser graves.
Soja: especialmente comum em crianças, esse tipo de alergia pode ser superado na infância, mas em alguns casos persiste.
Trigo: as reações podem ocorrer devido às várias proteínas encontradas no trigo, incluindo o glúten.
“Além destes, outros alimentos também podem causar alergias, como sementes de gergelim, mostarda, milho, frutas e vegetais”, alerta a nutróloga.
Diagnóstico da alergia alimentar
É essencial consultar um médico especialista em alergologia e imunologia ao identificar sintomas ou suspeitar de alergia alimentar. Para o diagnóstico, além da avaliação clínica, conforme explica a Dra. Marcella Garcez, o médico pode solicitar:
Teste cutâneo: pequenas quantidades de alimentos são aplicadas na pele;
Exames de sangue;
Testes de provocação oral: o consumo do alimento suspeito é realizado em doses crescentes sob supervisão médica rigorosa;
Dieta de eliminação: evita completamente os alimentos suspeitos por um período determinado.
Teste de ponto a ponto: quantidades de alimentos são aplicadas na pele e cobertas com um adesivo por 48 horas;
Testes de componentes de alérgenos alimentares: testa os componentes específicos das proteínas alimentares que podem causar reações alérgicas.
“A provocação oral, quando se oferece ao paciente o alimento suspeito de provocar alergia, é um desses testes, mas deve ser feito em ambiente preparado para o caso de ocorrer uma anafilaxia, reação alérgica grave. Apenas médicos habilitados podem realizar esse tipo de teste”, acrescenta a Dra. Lucila Camargo, coordenadora do Departamento Científico de Alergia Alimentar da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI).
Tratamento para alergia alimentar
Para prevenir a alergia alimentar é fundamental não consumir o alimento que causa a reação alérgica. “É importante evitar os alimentos alergênicos com a leitura de rótulos, perguntar sobre ingredientes ao comer fora e utilizar produtos seguros. Tome cuidados na cozinha também com prevenção de contaminação cruzada, utilizando utensílios de cozinha separados”, recomenda a Dra. Marcella Garcez.
Além disso, a alergia alimentar pode ser tratada com o uso de anti-histamínicos. Em casos mais graves, quando ocorre o choque anafilático e falta de ar, pode ser administrada a injeção de adrenalina. “A depender do caso, é necessário carregar a adrenalina autoinjetável para controlar a crise até a chegada ao pronto-socorro”, explica a Dra. Lucila Camargo.
Também há a opção de imunoterapia com alérgenos, que tenta ensinar ao sistema imunológico a não reagir ao alimento que causa a condição. Todas essas opções de tratamento devem ser recomendadas e acompanhadas por um médico.
Fonte: Jovem Pan Read More