A ausência de sintomas não significa que um animal está livre de helmintos, popularmente conhecidos como vermes. Muitos parasitas se instalam no organismo e passam semanas, ou até meses, se multiplicando antes de manifestar sinais clínicos. Durante esse período, o pet pode sofrer silenciosamente com fadiga, perda de nutrientes e danos internos progressivos. Por isso, a vermifugação é uma medida essencial para evitar infecções silenciosas que podem comprometer a saúde do cão ou gato a longo prazo.
De acordo com André França, coordenador do curso de Medicina Veterinária da Faculdade Anhanguera, a vermifugação periódica é crucial para prevenir não só as doenças no animal. Afinal, reduz a possibilidade de transmissão de algumas zoonoses, que podem gerar condições graves, especialmente em pessoas com sistema imunológico enfraquecido, nos primeiros anos de vida ou durante a gestação.
“Ao vermifugar seu pet, você está protegendo não apenas a saúde dele, mas também reduz as formas transmissoras de alguns vermes. Isso faz com que o ciclo de vida dos parasitas seja quebrado, impossibilitando uma possível infecção no ser humano. É importante destacar também que nem todos os helmintos podem gerar riscos de doenças em pessoas”, explica o profissional.
Quando vermifugar o animal
Quando o filhote está saudável, recomenda-se que a primeira dose do vermífugo seja administrada entre 15 e 30 dias de vida, com uma dose de reforço aplicada após 15 dias da primeira. A partir dessa fase, o Conselho Tropical para Parasitos de Animais de Companhia (TroCCap) sugere que cães sejam desparasitados quinzenalmente, começando aos 15 dias de vida e continuando até que completem 8 semanas.
No caso dos gatos, a orientação é iniciar a desparasitação a partir das 3 semanas, também com reforços quinzenais, até que atinjam as 10 semanas. Esse protocolo garante maior proteção contra parasitas e reduz o risco de transmissão de doenças.
“A transmissão vertical, ou seja, a passagem de vermes da mãe para o filhote durante a amamentação, é relativamente comum nessas espécies. Por isso, a vermifugação deve ser realizada na fase inicial da vida destes animais, independente de terem ou não contato com outros ambientes ou indivíduos”, explica André França.
Ciclo de doses de vermífugo
O Conselho Tropical para Parasitos de Animais de Companhia também recomenda que, após essa fase inicial da vida, os pets tomem doses de vermífugo a cada 30 dias até atingirem os seis meses. Posteriormente, o intervalo pode ser aumentado para doses trimestrais.
É importante destacar que a administração indevida de antiparasitários é capaz de tornar populações de vermes ou de qualquer outro parasito resistentes a esses medicamentos. Portanto, todo esse processo deve ser acompanhado por um médico-veterinário munido de uma frequência de exames de fezes e sangue para determinar o melhor protocolo para cada situação.
Prevenindo a contaminação
André França explica que até mesmo os bichos que vivem dentro de casa ou apartamento podem ser expostos a contaminações, principalmente quando saem para passear com o tutor. “Para prevenir a infestação, é importante manter o ambiente do pet sempre limpo e higienizar as patas após os passeios, já que eles podem trazer parasitas do ambiente externo”, recomenda.
Conforme o veterinário, a limpeza é bem simples. “De forma geral, o ideal é que as superfícies sejam desinfetadas com solução de hipoclorito de sódio (água sanitária) a 1%, lembrando sempre de evitar a presença dos animais enquanto a desinfecção está ocorrendo. Para a limpeza das patas, o ideal é a utilização de lenços umedecidos específicos, encontrados facilmente no mercado”, explica.
Alimentação adequada minimiza os riscos das verminoses graves
Dentre as formas comuns de transmissão de verminoses, está o consumo de água e alimentos contaminados. A nutrição adequada de qualquer animal dá suporte ao seu sistema imune e ajuda na prevenção de infestações parasitárias graves.
“Uma dieta equilibrada, fornecida por rações de boa qualidade, fortalece o sistema imunológico dos pets, tornando-os mais resistentes a doenças, incluindo aquelas causadas por parasitas. Como medidas de prevenção, é importante evitar alimentos crus, que podem ser carreadores das formas de transmissão das verminoses, e, sempre que possível, disponibilizar água com devido tratamento”, finaliza André França.
Por Nicholas Montini Pereira
Fonte: Jovem Pan Read More