A síndrome de Down, ou trissomia do cromossomo 21 (T21), é a alteração cromossômica mais frequentemente observada em recém-nascidos, com uma incidência de 1 em cada 660 nascidos vivos. A T21 provoca alterações físicas e cognitivas na criança, sendo algumas das principais características observadas: baixo tônus muscular, baixa estatura, hipermobilidade articular, fissuras palpebrais oblíquas (olhos puxadinhos), prega única na mão, atraso no desenvolvimento neuropsicomotor e deficiência intelectual.
O favorecimento do desenvolvimento e da participação dessa população na vida escolar e profissional aumenta à medida que são estimulados desde bebês até a idade escolar. Práticas motoras no cotidiano dessas crianças, por meio de diferentes vivências corporais e estímulos sensoriais, propiciam rico estímulo e formação de novas conexões neuronais essenciais para o desenvolvimento físico e cognitivo.
Possibilidades de estimulação para bebês
Nos primeiros meses de vida, é importante incentivar a variabilidade de posturas e posições que favoreçam as conquistas motoras de base do bebê, como rolar, arrastar, girar em torno do próprio eixo. Para isso, a criança necessita estar em um local seguro e confortável, como em um tatame no solo.
Estímulos sensoriais com texturas, massagens, músicas e sons suaves, balanço em rede, cheiros suaves, puxar e empurrar brinquedos, além de estímulos visuais com brinquedos e cores contrastantes, são atividades que ajudam a estimular os sentidos, contribuindo para um bom desenvolvimento.
Ações motoras na idade escolar
Podem ser realizadas atividades lúdicas com a implementação de brinquedos e equipamentos apropriados a cada faixa etária da criança. Algumas sugestões de atividades físicas incluem:
Arrastar-se no chão por baixo de cadeiras;
Passar por cima de uma corda esticada;
Arremessar bolas com as duas mãos;
Chutar bola;
Andar em linha reta;
Andar para trás puxando um carrinho;
Pular com os dois pés;
Tentar ficar em um pé só;
Andar entre obstáculos.
Atividades pedagógicas e práticas inclusivas no ambiente escolar
Para crianças com síndrome de Down, é imprescindível que a avaliação não seja feita precocemente a partir do diagnóstico, mas pela valorização de seus conhecimentos prévios e suas interpretações dos conteúdos desenvolvidos. Para isso, é importante:
Dirigir-se diretamente às crianças, no mesmo plano visual, para favorecer a comunicação e a aprendizagem.
Priorizar a colocação da criança em carteiras na frente da sala, próximas ao quadro e ao professor, favorecendo melhor visualização e uma escuta mais atenta das orientações dadas. Isso também permite um acompanhamento mais próximo do professor em relação às demandas da criança.
Fomentar o respeito dos colegas de turma pelas particularidades das crianças com síndrome de Down, contribuindo para a formação de cidadãos responsáveis, solidários e respeitosos com as diferenças.
Estimular atividades motoras e sensoriais em grupo para potencializar a atividade intelectual e social.
Promover o desenvolvimento cognitivo por meio de brincadeiras de imitação, que são positivas para esse fim.
Estimular a independência funcional e incentivar a autonomia nos momentos de interação fora do horário de aula.
Pesquisar e preparar material pedagógico diferenciado, sem descontextualizar o conteúdo curricular e as atividades realizadas pelos colegas
Por Lilian Pinto Amaral, fisioterapeuta em neuropediatria, mestre e doutora em educação, e Vilma Lení Nista-Piccolo, licenciada em educação física, bacharel em fisioterapia, mestre em educação e doutora em psicologia educacional. São autoras do livro “Aprendizagem para criança com Síndrome de Down”.
Fonte: Jovem Pan Read More