A psoríase é uma doença de pele autoimune crônica que se manifesta no paciente como manchas rosadas ou avermelhadas, cobertas com uma “placa” esbranquiçada e pode afetar várias partes do corpo. Pode ser desenvolvida por qualquer pessoa e fase da vida, embora seja mais comum entre os 15 e 35 anos. O estresse e a falta de luz solar agravam as infecções.
Com grande dano inflamatório, pode atingir as articulações e aumentar o risco de doenças cardiovasculares e síndrome metabólica. Inclusive, um estudo publicado no Journal of Investigative Dermatology identifica um caminho para entender como essa doença afeta o coração.
“A psoríase é uma doença inflamatória sistêmica crônica imunomediada que afeta de 1 a 3% da população global. Neste estudo, um total de 503 pacientes com psoríase e sem doença cardiovascular clínica foram submetidos à ecodopplercardiografia transtorácica para avaliar a microcirculação coronariana. Os investigadores descobriram uma alta prevalência de disfunção microvascular coronariana em mais de 30% dos pacientes assintomáticos na população do estudo”, explica a dermatologista Dra. Ana Maria Pellegrini, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Outros prejuízos da psoríase
A psoríase também pode prejudicar o paciente de outras maneiras. “Além do risco cardiovascular, a psoríase ainda é ligada a problemas nas articulações (artrite psoriática) e, também, a uma maior propensão de desenvolver síndrome metabólica, caracterizada por pelo menos três dos seguintes problemas: maior acúmulo de gordura abdominal, pressão arterial elevada, colesterol alterado, glicemia de jejum elevada e triglicerídeo elevado”, acrescenta a médica.
Estudos anteriores já haviam demonstrado que pacientes com psoríase grave apresentam aumento da mortalidade cardiovascular. No entanto, os mecanismos específicos subjacentes a este risco aumentado ainda não tinham sido identificados.
Por isso, os autores do estudo pretendiam investigar mais detalhadamente a prevalência de disfunção microvascular coronariana, avaliada pela reserva de fluxo coronariano (CFR), em uma grande coorte de pacientes com psoríase grave e sua associação com a gravidade e duração da psoríase, bem como outras características dos pacientes.
Prevenindo complicações futuras
O estudo revelou que a gravidade da psoríase, avaliada pela pontuação do Psoriasis Area Severity Index (PASI), e a duração da doença foram independentemente associadas a uma reserva de fluxo coronariano mais baixa, juntamente à presença de artrite psoriática. “Esses achados enfatizam a importância de considerar fatores relacionados à inflamação e à psoríase na avaliação do risco cardiovascular em pacientes com psoríase grave”, explica a médica.
O estudo apoia o papel da inflamação sistêmica da psoríase no desenvolvimento da disfunção microvascular coronariana. “Devemos diagnosticar e procurar ativamente a disfunção microvascular em pacientes com psoríase, uma vez que esta população apresenta um risco particularmente elevado. Poderíamos levantar a hipótese de que um tratamento precoce e eficaz da psoríase restauraria a disfunção e, eventualmente, preveniria o risco futuro de complicações, como infarto do miocárdio e insuficiência cardíaca associada”, diz a Dra. Ana Maria Pellegrini.
Ainda segundo a médica, algumas pesquisas preliminares mostraram que a disfunção microvascular coronariana é restaurada após um tratamento com produtos biológicos. “No entanto, estudos prospectivos são necessários para confirmar se esses achados se traduzem em reduções em eventos cardiovasculares”, finaliza.
Por Maria Claudia Amoroso
Fonte: Jovem Pan Read More