Não é novidade que uma das características da juventude é a busca por um visual diferente. Nessa fase, os jovens têm uma necessidade de aceitação, de se sentir pertencente a algum grupo e até mesmo de se diferenciar e se destacar dos demais.
Por conta disso, muitos optam pelo uso de “aparelhos falsos” ou “aparelhos de enfeite”, assim denominados popularmente por evidenciarem o uso irregular desse item. Porém, é preciso destacar os riscos que seu uso pode causar à saúde bucal.
Peças sem certificação e qualidade
Itens como os braquetes (peças metálicas coladas sobre os dentes), os fios metálicos e as borrachinhas coloridas vendidos de forma irregular têm procedência duvidosa. A comercialização ilegal pode acontecer de diversas formas, desde a venda desses produtos pela internet com acesso facilitado até a venda no comércio de rua e em feiras livres.
Claramente, são produtos sem certificação e com qualidade não comprovada. Além disso, em muitas situações, a instalação dessas peças é feita por pessoas sem o menor conhecimento e autorização para realizar o procedimento, sendo o dentista o profissional habilitado para isso.
Riscos para a saúde bucal
Fatores como uso de materiais inadequados, aplicação de forças sem restrições, gerando sequelas nos dentes e suas estruturas, e falta de acompanhamento de um profissional podem trazer diversos riscos à saúde bucal de jovens. O risco de lesões de cárie, doenças na gengiva e mau hálito são evidentes, principalmente pelo fato de não ter a supervisão de um dentista.
Ainda, esses itens podem gerar lesões em tecidos moles da cavidade bucal, como lábios, bochechas e língua. Outro risco comum no uso de aparelhos de enfeite diz respeito às forças e movimentações inadequadas que são capazes de gerar no dente e no osso de suporte dentário, acarretando movimentações descontroladas. Isso pode provocar reabsorção óssea ao redor dos dentes, reabsorção das raízes, mobilidade, além de levar os dentes para fora do osso e à possível perda destes.
Cuidados importantes com esses aparelhos
Alguns cuidados ajudam a evitar a população de cair em ciladas como essa. O primeiro passo é sempre buscar ajuda de um profissional da área, habilitado no assunto, para poder realizar um bom diagnóstico e indicação correta de tratamento. Outro passo é estar atento à comercialização irregular de tais produtos. O paciente não tem acesso direto e irrestrito a produtos odontológicos, o que deve gerar um sinal de alerta ao presenciar sua comercialização.
É importante, ainda, que nenhum procedimento seja realizado pelo próprio jovem em casa e que os pais e responsáveis fiquem atentos a esse comportamento. É necessário que alertas como esse e o conhecimento dos malefícios causados sejam compartilhados, para que mais pessoas compreendam os riscos e a necessidade de um profissional acompanhando todo o processo. Dessa forma, podemos proporcionar uma juventude mais saudável, com menos riscos à saúde e mais orientações.
Por Ricardo Lisboa Cayres
Cirurgião-dentista especialista em ortodontia e professor do curso de Odontologia da Unime Lauro de Freitas.
Fonte: Jovem Pan Read More