A hipertensão arterial sistêmica, conhecida popularmente como pressão alta, é uma condição de saúde que afeta cerca de 45% da população brasileira, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), representando uma das principais causas de óbito no país. Esta doença, que ataca vasos sanguíneos, coração, cérebro e olhos, pode levar à paralisação dos rins e outros problemas graves se não for devidamente controlada.
Segundo dados do Ministério da Saúde e da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), a hipertensão é responsável pela morte de mais de mil pessoas a cada hora, muitas das quais poderiam ser evitadas com medidas simples de prevenção e conscientização. Embora não tenha cura, pode ser controlada quando diagnosticada precocemente, tornando os exames de rotina e a informação sobre a doença essenciais para salvar vidas.
Para esclarecer as dúvidas mais comuns sobre o assunto, o Dr. Marcelo Pinho, cardiologista do AmorSaúde, responde às 10 perguntas mais frequentes sobre hipertensão neste artigo. Confira!
1. Como a hipertensão arterial afeta os diferentes sistemas do corpo?
Antes de tudo, é importante lembrar que hipertensão arterial sistêmica é o nome da doença. Como ela é sistêmica, ocorre a vasoconstrição de maneira indesejada de diversos aportes de sangue nas veias e artérias que nutrem os nossos órgãos. Portanto, o malefício pode ocorrer na visão, nos rins, no coração e em diversos outros órgãos, como o cérebro, em que causa AVC (acidente vascular cerebral).
2. Existem fatores específicos que torna as pessoas mais propensas a desenvolver hipertensão?
Existem, sim. Entre os fatores de risco para desenvolver hipertensão estão tabagismo, alcoolismo e sedentarismo. Além disso, temos o fator da idade que afeta mulheres acima de 60 anos e homens acima de 65 anos, mas cabe destacar que as mulheres são mais propensas a desenvolver a doença.
3. Quais são os impactos da hipertensão?
A hipertensão é muito silenciosa, raramente diagnosticada por sintomas. Normalmente, quando o paciente descobre, há algum tempo ele já vem desenvolvendo essa doença. Dependendo da época em que o paciente procurar o atendimento, a hipertensão pode estar muito avançada para dar início à fase de controle — porque ela não tem cura —, e isso pode levar o paciente a ter outras doenças, como insuficiência cardíaca, insuficiência renal, piorar o seu diabetes e outras coisas que vai atrapalhar o convívio dele na sociedade.
4. Quais são as implicações da hipertensão durante a gravidez?
Na gravidez, após a vigésima semana, é natural que a mulher tenha um leve aumento da pressão arterial devido à gestação. No entanto, quando há aumento fora dos limites, não toleráveis para esse período, a hipertensão pode causar vários impactos, como AVC, infarto e insuficiência renal na mãe, além de efeitos sobre a gestação, como o descolamento prematuro de placenta, malformação do feto e outras alterações significativas.
5. Quais são as consequências da hipertensão não tratada?
A hipertensão, quando não tratada, fatalmente vai caminhar para a falência de alguns órgãos de forma aguda ou crônica, como:
O infarto agudo do miocárdio, um evento que pode causar óbito ou com arritmias cardíacas;
O acidente vascular cerebral, que pode ser temporário ou fixo, causando sequelas;
A insuficiência renal aguda ou a insuficiência renal crônica;
Além da perda de visão e outros inúmeros fatores.
6. Como a genética desempenha um papel na predisposição à hipertensão?
O avanço mais significativo que tivemos nos últimos tempos é a descoberta do gene da hipertensão, o STK39. O que a gente pode falar de forma prática é que se você tem ou um pai, ou uma mãe com hipertensão, você tem 25% de chance de ter a doença. Se você tem o pai e a mãe hipertensos, você passa a ter 50% de desenvolver hipertensão só pela genética, descontando seus hábitos de vida.
7. Qual é a relação entre hipertensão e outras condições de saúde?
Quando a hipertensão não é a causa que acarreta, ela praticamente anda de mãos dadas com a diabetes e é agravada por fatores externos como a dislipidemia, que é o aumento de colesterol e triglicérides. Toda essa turma junto vai causar complicações graves, podendo levar a consequências como o AVC e o infarto. Vale destacar que a hipertensão está intimamente relacionada com o diabetes, formando uma dupla em que uma doença acarreta a outra e causa complicações sobre ela.
8. Além da pressão arterial, quais são os marcadores adicionais para avaliar o risco cardiovascular de um paciente hipertenso?
Os profissionais de saúde utilizam como marcadores adicionais fatores como o diabetes, a dislipidemia, o sedentarismo, o tabagismo, o alcoolismo, a genética e o nível de estresse. Com isso, avaliamos todo o contexto de exposição e temos um quadro cardiovascular global do paciente, podendo calcular o risco de desenvolvimento para doenças relacionadas ao coração e ao cérebro.
9. Quais são as estratégias mais eficazes para prever a progressão da hipertensão?
Se você tem na família alguém com hipertensão, ou o pai, ou a mãe, ou ambos, você deve ir ao médico regularmente e ter o hábito de aferir sua pressão, pelo menos a cada semestre. A dica é não passar mais de um ano sem aferir sua pressão e, a partir do momento que ela não se enquadrar mais até 130 por 80 — que é o valor máximo —, saber que você se tornou pré-hipertenso e deverá ir a seu cardiologista para fazer melhor esse diagnóstico. Além do diagnóstico, o profissional vai te propor a melhoria dos hábitos de vida saudáveis e te indicar a ter o hábito de aferir a sua pressão e, a qualquer momento que ela esteja alterada, procurar ajuda.
10. A hipertensão é uma condição que pode ser curada?
Infelizmente, a hipertensão é apenas controlada em grande parte dos casos. Mas cabe destacar que a cura pode ocorrer nos estágios de pré-hipertensão, quando o aumento da pressão arterial está relacionado a um aumento de peso. Nesse caso, quando o paciente emagrece, a condição volta ao normal.
Existe também a possibilidade da alteração que causa hipertensão ser chamada secundária, ou seja, alguma outra doença está causando o aumento de pressão. Enquadra-se doença dos rins, uso de corticoides e até mesmo a ansiedade, que está sendo um fator muito comum de crises de pressão alta. Nesses cenários, ao tratar a doença, tratamos a condição de aumento de pressão.
No entanto, quando a causa da hipertensão é primária, diagnosticada por fatores genéticos e outros já citados, ela só é controlada por medicação, práticas saudáveis e não vai reverter com uma cura espontânea.
Por Milena Almeida
Fonte: Jovem Pan Read More